O cavalo é especial para muitos da APAE


O brilho no olhar e a alegria no semblante do garoto Thiago deixa evidente a satisfação que ele tem quando está em cima do cavalo. Quem o vê com essa auto-estima tão elevada, percebe que ali do alto do seu imaginário ele até esquece os momentos que pessoas preconceituosas o nivelaram para baixo. Thiago nos dá uma lição: de que somos todos iguais, independente das diferenças.
Thiago faz a equoterapia uma vez por semana. Acompanhado da fisioterapeuta e da pedagoga faz um tratamento complementar de apoio a reabilitação física e mental. “Eu já acostumei com o animal. Gosto muito de andar de cavalo”, disse Thiago Siqueira Pereira.

O garoto de 7 anos faz equoterapia desde o início do projeto, dia 9 de agosto de 2010. Segundo a fisioterapeuta, Rosemeire Trevisan, ele melhorou muito o equilíbrio e principalmente a coordenação motora.

Ao andar, o cavalo faz com que a pessoa que o monta execute, mesmo que involuntariamente, movimentos tridimensionais horizontais (direita, esquerda, frente e trás) e verticais (para cima e para baixo). Após 30 minutos de exercício, o paciente terá executado de 1.800 a 2.200 deslocamentos, que atuam diretamente sobre o seu sistema nervoso central, aquele responsável pelas noções de equilíbrio, distância e lateralidade. Ou seja, o simples andar do animal faz dele uma máquina terapêutica capaz de garantir ao deficiente uma capacidade motora que não possuía e, assim, restituir-lhe, pelo menos em parte, as funções atrofiadas pelo comportamento físico, sem é claro esquecer o prazer que o contato com o cavalo proporciona à pessoa portadora de deficiência, tornando a terapia interessante e motivadora.

Além do Thiago são mais 39 pessoas atendidas pela APAE, no projeto de equoterapia. Os pacientes têm apresentado tantas melhoras que surpreendeu até mesmo a fisioterapeuta. “Eu trabalho há 18 anos com fisioterapia e tenho conhecimento de vários métodos diferentes e essa terapia me surpreendeu muito. A gente conseguiu resultados rápidos com esses alunos”.

O primeiro passo da terapia é a aproximação do aluno com o animal, para que seja adquirida a confiança. Para que assim possam ser desenvolvidos outros trabalhos como a alfabetização. Durante a equitação, o pedagogo aproveita que os alunos estão com a atenção redobrada e ensina novas lições.

Segundo a pedagoga Nilva Batista Ribeiro Silva é trabalhado o alfabeto, as cores, a lateralidade, a leitura, a linguagem, a identificação dos sinais de trânsito. “Eles não sentem forçados a fazer as atividades, por isso fazem tudo com prazer. Não sentem que estão sendo alfabetizados e que estão estudando”.

A pedagoga disse ainda que se sente realizada com o trabalho desenvolvido na APAE. “É muito gratificante. Pois aqui a gente vê o resultado do trabalho da gente. O melhor salário que a gente recebe é a satisfação do nosso cliente, pois o nosso aluno é o nosso cliente. E, a maior recompensa é ver o resultado positivo”, complementou.

O projeto
A equoterapia é um sonho antigo da APAI, que se tornou realidade graças à parceria da Fundação Itaú na implantação do projeto. Hoje a fisioterapeuta, os professores e os guias que levam os cavalos são pagos pela prefeitura municipal e pelo estado. O apoio para as despesas com os veterinários e a alimentação dos animais é dado pelos pais dos alunos.

Segundo a diretora da APAE Angela Maria Alves Oliveira Carvalho a fila de espera de pessoas com a necessidade de fazer a terapia é enorme. Mas, infelizmente hoje é totalmente inviável pela falta de verba. “Nós poderíamos estar atendendo o dobro de pessoas, mas com esse sol não tem jeito. É muito quente. Nós queremos cobrir a quadra de areia e a partir do momento que conseguirmos isso, poderemos atender o dobro de pessoas.”

A diretora da APAE disse ainda que a entidade está de braços abertos para receber contribuições. “Nós estamos com as portas e com as janelas todas escancaradas para receber a população”, complementou.

História

Os benefícios da interação entre o homem e o cavalo é algo antigo. Já em 377 A.C. Hipócrates, o chamado Pai da Medicina, conceituava a equitação como meio de regeneração da saúde.

No Ocidente moderno, esse tratamento tornou-se importante na recuperação física e psicológica de mutilados da 2ª Guerra Mundial. Em 1952, a dinamarquesa Liz Hartel conquistou a medalha de prata em adestramento nas Olimpíadas de Helsinki, superando as sequelas da poliomielite que contraíra quando criança. A partir daí, surgiram os primeiros centros na Europa e nos Estados Unidos.

Atualmente, o tratamento equoterápico é bastante difundido, contando com mais de cem centros de estudos nos países desenvolvidos, o maior deles é na Itália. A Federação Internacional de Equoterapia, com sede na Inglaterra, conta com mais de trinta filiados.

Comentários

  1. Acredito que todos possuem um sonho, assim como Thiago que sempre tem um sonho de poder avançar e ultrapassar por obstáculos a cada dia.
    Precisamos ajudar o proximo sempre!
    Um salve para as pessoas que sempre contribuem para esse grande projeto.
    Inclusive você Amanda que ja está contribuindo escrevendo essa belíssima reportagem. Beijos

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