Postagens

Mostrando postagens de 2011

O sonho de continuar mestre

Imagem
Conhecer pessoas faz parte do meu cotidiano. Descrever, relatar e informar às vezes dói. Às vezes não. Mas, reconheço que contar histórias é sempre uma missão incrível, principalmente, quando me deparo com situações muito adversas da minha. E, quando aprendo com essas vivências é simplesmente fantástico. Em minha recente jornada a comunidade Kalunga* conheci uma jovem diferenciada. Maria Helena é quilombola, mãe e professora que ensina grandes lições. Com o vigor de uma menina e a sabedoria de uma anciã, ela sonha com dias melhores. Aos 14 anos resolveu que teria que casar, pois essa era a única forma de estudar. Afinal, não existia escola na comunidade e seria bem mais fácil na época convencer o esposo do que seus pais que mulher também tinha direito a educação. O casamento não deu certo. Mas, rendeu-lhe três lindos presentes: um casal de filhos e um diploma de ensino médio. Morou em Brasília. E, foi justamente na capital do país que resolveu voltar para suas raízes. Aceitou o cham

Fé e tradição na folia do Divino Espírito Santo

Imagem
“Salve o divino Espírito Santo. Salve o divino Espírito Santo!” Este foi o canto ecoado pelos foliões na chegada à casa do imperador em Porangatu, no norte de Goiás. Os foliões giraram com a bandeira do Divino por 5 dias, fazendas, sítios e residências de Bonópolis, Santa Tereza e Porangatu. Por onde passaram demonstraram fé e gratidão às bênçãos recebidas. “Eu nem iria participar desta folia do Moreira cheguei aqui com uma dor na perna e pedi ao Espírito Santo que aliviasse a minha dor e ela desapareceu. Deu até para dançar um chorado”, sorridente disse o folião José de Barros Garção. Zé Garção começou a participar dos giros de folia na região de Porangatu ainda criança. Hoje além de ser imperador, também é o embaixador desta tradição milenar. “É um orgulho, pois nem todo mundo sabe cantar e em cada pouso é uma história. Tem muito verso que é improvisado na hora, então eu só tenho que agradecer esse dom que Deus me deu”, complementou. O símbolo da Festa do Divino é a mandala d

Praticamente todos os Córregos de Porangatu estão degradados

Imagem
A água que nasce e corre em direção ao riacho e que depois desemboca no ribeirão tem encontrado pelo caminho: lixo, esgoto e descaso. Esse é o retrato de, praticamente, todas as nascentes na parte urbana de Porangatu. Além das pesquisas que confirmam isso, as histórias contadas pelos ribeirinhos são de dar dó. A aposentada, Maria Rosa de Souza, mora no setor Garavel há 30 anos. Antigamente o córrego próximo da sua residência era limpo, bonito e agradável. “Os meninos banhavam, a gente lavava roupa, vasilhas. Eu mesma já lavei roupas nesse córrego. Agora; não tem jeito minha filha, só tem sujeira. Até esgoto escorre para lá”. A sensação que a aposentada diz ter é de morar ao lado de uma fossa, pois o cheiro que o córrego exala é insuportável. Na época da chuva os problemas se intensificam. “É terrível, pois aumenta o mau cheiro. Desce muita sujeira pelas enxurradas”, completa. No setor Jardim Brasília a situação é preocupante. Vários córregos estão sendo aterrados e segundo os m

O cavalo é especial para muitos da APAE

Imagem
O brilho no olhar e a alegria no semblante do garoto Thiago deixa evidente a satisfação que ele tem quando está em cima do cavalo. Quem o vê com essa auto-estima tão elevada, percebe que ali do alto do seu imaginário ele até esquece os momentos que pessoas preconceituosas o nivelaram para baixo. Thiago nos dá uma lição: de que somos todos iguais, independente das diferenças. Thiago faz a equoterapia uma vez por semana. Acompanhado da fisioterapeuta e da pedagoga faz um tratamento complementar de apoio a reabilitação física e mental. “Eu já acostumei com o animal. Gosto muito de andar de cavalo”, disse Thiago Siqueira Pereira. O garoto de 7 anos faz equoterapia desde o início do projeto, dia 9 de agosto de 2010. Segundo a fisioterapeuta, Rosemeire Trevisan, ele melhorou muito o equilíbrio e principalmente a coordenação motora. Ao andar, o cavalo faz com que a pessoa que o monta execute, mesmo que involuntariamente, movimentos tridimensionais horizontais (direita, esquerda, frente

Saudades de um jovem sonhador

Imagem
Chego ao meu destino. Tomo fôlego e bato palmas. Em minha direção caminha devagar uma jovem que aparenta 18 anos, de bermuda jeans curta, blusinha clara e olhar cabisbaixo. Pergunto a ela se a mãe do Mayêdo está. Ela responde que sim e me chama para entrar. Apresento-me, ela também e sorrimos juntas; pois temos o mesmo nome: Amanda. Antes de entrar para a sala de visitas conheço João Gabriel. Ele vem correndo com os pezinhos descalços. Pára e olha todo sorridente; nem a chupeta azul na boca é capaz de esconder sua simpatia. De imediato percebo que é o filho do Mayêdo, pois herdara uma das principais características do pai, o sorriso. Sento no sofá e aguardo Dona Têcla. Enquanto isso, João Gabriel ronda curioso, aproxima mais e tenta tirar as pedrinhas verdes da minha sandália. O único momento que fica meio retraído é quando ganha de mim um beijo no rosto. Afasta-se, fica vermelho e esconde-se nos braços da mãe. Amanda teve João Gabriel, há 1 ano e 3 meses. Quando perguntei por q

Início

O fim pode ser doce ou amargo. Pode ser a navalha que corta até sangrar como também um grito de puro êxtase dado após uma conquista. A vida é assim cheia de fins. Fim das estações. De uma gestação. O final do namoro, do noivado, do casamento é regado de choro e até desespero. Como recomeçar? Mas, existe o oposto: a alegria do réveillon. Coincidências ou não um novo recomeço. Fim....

Irmandade Cereana

Imagem
O expediente de mais uma sexta-feira chega ao fim. Eurípedes, animado, fecha a porta e despede-se de sua secretária. Uma semana produtiva, pois, os serviços e despachos que a Secretaria de Transportes de Porangatu necessitavam foram feitos. Retornar ao serviço só se o prefeito Trajano o solicitasse. Ao chegar a casa, Eurípedes, beija a esposa e corre para o telefone. O programa de fim de semana já estava todo arquitetado, só faltava a confirmação dos companheiros. De longe, ela o ouve falar que cada um deveria levar um litro de cachaça. - Meu bem pega a garrafa térmica pra mim. Ah, por favor, não esquece aquela vara que gosto tanto. - Sim, mas você volta quando? - Conceição pergunta ressabiada. - Volto domingo. - Não esqueça que você trabalha na segunda, hein?! - Tudo bem. – Responde com um sorriso largo. Depois de uns 20 minutos Eurípedes estava pronto. Afoito, despede-se da mulher e segue para mais uma pescaria no Rio do Ouro. Quando chegaram ao local a lua já estava p

O amanhã...

Existem dias que acordamos cheios de incertezas, dúvidas e perguntas. O que vai acontecer? Os sábios dizem que o amanhã ainda não nos pertence. Então, por que sofremos por antecipação? Curiosidade? Seria esse o oitavo pecado capital? Mas, cá entre nós, após o crepúsculo é quase impossível não pensar em algo que bate a nossa porta. Aflição versus insegurança! Briga de titãs no ringue da vida e que o resultado só mesmo Deus para saber. Se as escolhas feitas ao longo da nossa jornada foram às acertadas. O resultado: outras dúvidas. A profissão escolhida na adolescência com tanto amor. Será mesmo a executada? Anos a fio de estudos para quê? Os pedagogos afirmam que conhecimento sempre é aproveitado. Só que em certas situações são estudos que infelizmente serão desperdiçados. Afinal, para sobreviver é preciso adequação. Por exemplo, uma advogada recém formada que não consegue emprego na área? Certo dia recebe uma proposta para trabalhar como vendedora em uma loja de sapatos. A jovem ace

A sina de um raizeiro

Imagem
... Pois estas são apenas algumas descobertas. Que encontramos na vida secreta das plantas (Stevie Wonder). Daniel, um senhor de 70 anos, retira as favas; uma, duas, três (...) segue o ritual debulhando todas em uma bacia de alumínio. Como colcha de retalhos enroscada no arame farpado, às favas contorna e dá vida verde a casa do raizeiro. O legume servirá de alimento não só para ele, mas para toda a vizinhança. Enquanto me aproximo, a cena segue germinando em minha pupila. Sinto um aumento repentino nos batimentos do meu coração. Emoção! Afinal é chegada à hora de compreender a vida deste homem que cultiva: ervas, folhas, raízes (...). Que dos frutos da natureza faz ressurgir a vida. A casa foi construída nos fundos para dar frente às plantas. Donas do pedaço, elas são diversas: erva-cidreira, pinhão manso, hortelã grosso e fino, arruda (...). Daniel, sempre muito simpático, desta vez me repreende pelos trinta minutos de atraso. “Eh, doninha, dá 11 horas, mas, não dá sete heim?

É preciso romper fronteiras

Há tempos o conceito de analfabeto era não saber ler e escrever. Hoje, o entendimento sobre esta palavra é outro. Para ser considerado analfabeto basta não saber, por exemplo: manusear um celular. Isso mesmo, as pessoas que não conseguem dar a devida funcionalidade aos instrumentos tecnológicos podem ser tachadas de “analfos”. Ser um analfabeto funcional é não deter conhecimentos específicos em determinada área. Como um balconista de uma farmácia que não sabe diferenciar um analgésico de um antialérgico. Além disso, analfabeto funcional na sociedade em que vivemos é não exercer a cidadania ou mesmo, ter o senso crítico para escolher candidatos em uma eleição. Não exercer de maneira coerente o direito de votar. Nos dois pontos abordados; não ter conhecimentos específicos como também não deter senso crítico pode ser o resultado de uma histórica dominação de poder feita por latifundiários aos proletariados. Afinal, não é interessante para eles deixar o povo saber distinguir “alho de b

Diferenças de atitudes

Acabou o tempo em que namorar significava atos singelos. Como a menina debruçada na janela olhando de rabo de olho para o pretendente. Ele do outro lado da rua todo galanteador ofertava uma margarida apanhada do jardim mais próximo. Ou em outras situações onde um sorriso maroto refletia a aprovação de uma jovem. O garoto todo tímido ficava o restante do dia feliz a cantarolar. Depois de um mês; o pedido de namoro acontecia. Claro cercado de testemunhas. O pai carrancudo logo dizia: - Minha filha é uma menina direita, viu! Nada de travessuras com ela. Se quiser namorá-la vai ter que ser do meu jeito. - Lógico que ele concordava com tudo; afinal não tinha outra escolha. É! As pessoas mudaram, os costumes são outros... Hoje namorar ou ficar, enrolar ou teclar. Enfim, é tudo muito complicado, nem os amantes sabem ao certo o que significa o que eles vivenciam. Imaginem os pais desta geração pós-moderna? A jovem sai para a balada. Antes, se despede do pai falando que vai azarar