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Mostrando postagens de 2014

Hoje me vi no filme

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Mesmo com a sensação de atraso ando compassadamente. Porém, os pingos da chuva ainda tímida começam a molhar o meu rosto. Alegre, acelero os passos. Quem me guia é inseparável bengala. Olho e percebo o Cine Cultura. Subo os degraus e sigo em direção a sala de projeção. Não erraria, pois conheço o local como a palma da minha mão, devido às várias idas à biblioteca do espaço. O burburinho das pessoas conversando nas imediações indica que será uma sessão de deixar qualquer diretor de cinema extasiado. - Boa tarde! - Diz o recepcionista da Mostra Cinema e Direitos Humanos - Olá, boa tarde. Começa agora o filme “Hoje eu quero voltar sozinho?” - Daqui uns 15 minutinhos. Mas, pode entrar. - Responde educadamente Sigo apalpando as paredes. Escolho com as mãos uma das poltronas para me assentar. Meu coração pulsa firme, pois esse é um dos meus escurinhos preferidos. Logo o mesmo rapaz da recepção traz o equipamento de áudio descrição e me explica como fazer para utilizá-lo: -J

Gentilezas...

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"O mundo é uma escola A vida é o circo Amor: palavra que liberta Já dizia o profeta". (Marisa Monte) Dorme a Avenida Anhanguera de Goiânia-GO. Enquanto isso, Antônio Barbosa Alves estaciona a minivan e começa a descer: botijão, fogão, estufas, mesas e as obras primas da esposa. Cuidadoso organiza uma a uma. Coloca o avental, ajusta a boina e agradece por mais um dia de trabalho beijando o escapulário. A simpatia do baiano de Correntina é ímpar. Ela também é insistente com os, que fingem nem ver: - Bom dia, minha amiga. - Oi. Bom dia. - Bom dia Ana, tudo bem? - Tudo. - Bom dia. - Boom dia! Essa é a chave para o diálogo. Afinal, em frente à padaria em formato de banca passam pedestres apressados... O bacharel em Direito deixou a profissão de glamour. Teve uma loja de cosméticos. Hoje repagina a vida. O sentimento, nos olhos marejados é de gratidão. Até porque, o Mestre gentileza tem uma avenida enorme pela frente para buscar o sustento de casa e realizar o sonho de

O escriba e suas várias facetas

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Andar vagaroso, fala pausada, olhar atento e memória infalível características de um homem de várias histórias, faces e desdobramentos. Messias Tavares é muito mais que intelectual é sabedoria em pessoa. Com 91 anos bem vividos viajou o mundo, redescobriu o seu universo particular graças aos ensinamentos bíblicos. Advogou e teve duas paixões arrebatadoras: o livro e a mulher. Hoje, depois de várias leituras de si e dos outros se permite e se cobra. A permissão refere-se à escrita, que o leva a lugares que suas pernas não permitem com a velocidade do seu pensamento. Já as cobranças?! Ah, essas são tantas e que o relógio às vezes aponta um tempo que ele mesmo tem consciência que não volta mais. A única certeza que esse tocantinense arretado tem é que o legado ainda está sendo traçado nas páginas em branco da sua vida. Lições deixadas por ele, que uma sociedade inteira já deve aplaudi-lo. O amor pela escrita surgiu na mocidade. A profissão se consolidou em 1º de dezembro de 1940, quand

O anjo descansou...

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Isolar. Quem nunca sentiu esse desejo?O autismo é fundamentalmente uma forma particular de se situar no mundo e, portanto, de se construir uma realidade para si mesmo. A ausência de linguagem, solilóquios, a auto agressividade, a insensibilidade à dor ou a falta de sensação de perigo são alguns dos sintomas que mostram o isolamento da pessoa em relação ao mundo. A tendência é de bastar-se a si mesmo. Incógnitas... Nesse universo de questionamentos foi que Wander dos Santos Anjos se inseriu. O caminho percorrido de Wander, ainda durante a faculdade de medicina foi sempre atrelado a essa doença. Rodeado de novos casos, novas dúvidas e mais e mais estudos. Noites inteiras para compreender o que muitas vezes não conseguia. Nem por isso desistiu. O jovem de sorriso largo e cativante se transformou em um experiente neuropediatra de Goiânia, porém não menos simpático. Após 40 anos de profissão ele questionou a si mesmo: - Será que um dia todo mundo vai ter comportamento autista? Eu sincer

Operário se reencontra com as letras em canteiro de obras

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Todos nós temos um sonho e buscá-lo é o que nos mantêm vivos. No caso do servente de pedreiro Paulo Castro Silva dos Santos é de conseguir escrever com desenvoltura. Ler ele até lê. Mas, volta e meia tropeça nas palavras. Às vezes passa horas imaginando como escrever certas palavras. Engole acentos ou ainda troca letras, o que infelizmente, lhe gera vários constrangimentos. Paulo nasceu em Caxias, interior do Maranhão. Quando se mudou para Goiânia, no dia 4 de julho de 2011, trouxe na bagagem esperanças de conseguir manter a família lá e aqui retomar os estudos. Ele que teve a alfabetização abortada na 4º série, teve um reencontro com as letras dentro do canteiro de obras, o que muito o orgulha. “Voltar a estudar para mim foi muito importante, pois eu já sabia ler. Agora era uma confusão na hora de escrever. E, isso era um pesadelo pra mim”, enfatiza o servente. A oportunidade de voltar a estudar surgiu por intermédio do coordenador social da Consciente Construtora, Felipe Inácio

Mãe

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É tanto amor... Doçura, garra e entrega! Abriu mão da própria vida para consolidar a das filhas. É exemplo para tudo que faço É sabedoria em forma de gente Como leonina se fez forte É mãe, pai e acima de tudo a melhor amiga para todas as horas Mãe amo-te para todo o sempre....

A arte de recriar

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É na desilusão que sobra espaço para pensar. Pensamentos muitas vezes escapados pelas mãos, mente e coração. É na queda que ganhamos força para ressurgir. Nem que seja uma subida mínima de um único degrau. É no desemprego que o ganha pão se torna árduo e a criatividade aflora. Assim é para mim, para você e foi para Silvio Di Oliveira. Jardineiro por 18 anos em um hospital particular de Goiânia, Silvio podou ressentimentos e teve que fazer brotar sorrisos, mesmo após uma demissão. Pai de 4 filhos tão acostumado as flores, teve que colher desespero, angustia e medo por alguns meses. Viu-se desesperado tentando encontrar uma saída. - Fiquei igual ‘passarim’ sem asa. Desorientado mesmo. Muitas vezes chorava e desabafava com a minha esposa Irani ‘Fui tão honesto e passando por isso’. Dificuldade, esta da vida, que lança grandes desafios. Silvio encarou o inimigo, ou melhor, o desemprego de frente. Chorou! Caminhou. Bateu em muitas portas. Pediu. Suplicou. Voltou para casa mais um dia

A luz de Maria

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Maria, Maria, Maria é sorriso, alma e coração. Jovenzinha arretada se fez mulher na cidade de Porto Nacional, estado do Tocantins. Cigana sensual casou, descasou e casou de novo. Hoje vive a alegria dos 63 anos bem vividos. Companheira inseparável do marido Severino de vida severina. Moradora do Itatiaia em Goiânia, capital de Goiás, Maria é daquelas pessoas que não passa despercebida. As saídas sempre rápidas são para o supermercado, a feira e as vizinhas. Ela gosta de um dedo de prosa. Muito carinhosa embrulha em papel de presente as palavras: nega, linda, querida... Pessoas como a dona Maria deviam se multiplicar por mil. As lembranças da infância tornam os olhos dela em fachos de luz. “Oh lugar de fartura. Comia muita melancia. E peixe, então? Adorava os pacus que minha mãe fazia. Ela pescava no rio Tocantins”. Já nessa época dona Maria via muito além do que sua retina registrava. “Eu batia o olho na pessoa e já conhecia a história dela”. “Li muita mão fia. Nunca pedi dinheiro