Operário se reencontra com as letras em canteiro de obras



Todos nós temos um sonho e buscá-lo é o que nos mantêm vivos. No caso do servente de pedreiro Paulo Castro Silva dos Santos é de conseguir escrever com desenvoltura. Ler ele até lê. Mas, volta e meia tropeça nas palavras. Às vezes passa horas imaginando como escrever certas palavras. Engole acentos ou ainda troca letras, o que infelizmente, lhe gera vários constrangimentos. Paulo nasceu em Caxias, interior do Maranhão. Quando se mudou para Goiânia, no dia 4 de julho de 2011, trouxe na bagagem esperanças de conseguir manter a família lá e aqui retomar os estudos. Ele que teve a alfabetização abortada na 4º série, teve um reencontro com as letras dentro do canteiro de obras, o que muito o orgulha.

“Voltar a estudar para mim foi muito importante, pois eu já sabia ler. Agora era uma confusão na hora de escrever. E, isso era um pesadelo pra mim”, enfatiza o servente. A oportunidade de voltar a estudar surgiu por intermédio do coordenador social da Consciente Construtora, Felipe Inácio Alvarenga, que fez a proposta a Paulo. “Ele pediu para eu juntar uma turma, que a construtora iria arrumar a professora e a sala de aula”, explica. Naquele momento o maranhense buscou forças em um sonho antigo do seu pai. Daí com jeitinho convenceu 7 colegas. “Eu precisava ajudar eles e também dependia deles pra voltar a estudar”, complementa.

Muitas aulas se passaram. Vários pingos nos is e novas lições de vida. Hoje, Paulo Castro Silva dos Santos, continua como servente, sua lida é ajudar pedreiros no reboco de paredes, no cuidado com a limpeza do local. Mas, é só dar 17h que ele se apruma todo, toma um lanche reforçado e se volta para os livros e para os ensinamentos da professora, Leiza. Juntos somatizam. Mãos calejadas, porém firmes na escrita de um novo futuro. “Gosto mais de Português, pois é mais fácil. Matemática é difícil, mas mesmo assim quebro cabeça. Afinal, até pra ir ao supermercado a gente precisa fazer contas. Agora o inglês, noossa ainda bem que a gente mora no Brasil, né!?”, diz sorridente.

A superação dos obstáculos no dia a dia da sala de aula, Paulo Castro Silva dos Santos busca no pedido feito pelo pai. “Meu pai não teve condição de me mandar para a cidade estudar, só que ele tinha um sonho: de que eu terminasse pelo menos o ensino fundamental”. Tempos difíceis vividos na roça, que ficam tão simples se comparado aos vividos atualmente. “O desejo de conseguir algo é que nos motiva!”

Se ele pensasse só no cansaço da lida com o cimento, com os tijolos e com os obstáculos da vida não assistia se quer um dia de aula. Mas, Paulo é como concreto: forte! Operário que vislumbra crescimentos, como os empreendimentos que ajuda a construir. Ele traça nos cadernos novos sonhos, que virão em novas realidades.

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