“Adoraria ser repórter de guerra”

Valteno de Oliveira

O fazer jornalismo é repleto de escolhas. Escolha do veículo no qual deseja trabalhar, da editoria que pretende escrever e claro, das fontes no ato da reportagem. Escolher o estilo e o seguimento do jornalismo demanda um pouco mais de tempo. No meu caso, o literário foi o que mais me encantou. Fiz especialização em Jornalismo Literário pela ABJL e hoje acho que de fato é o que mais se parece comigo, ou melhor, eu me pareço mais com esse modo de reportar: imergir, sentir, contar com descrições, cheiros e acima de tudo experimentar um jornalismo “romance” cheio de vida real. 

Bem, não vim aqui para falar de JL – Jornalismo Literário e sim de Jornalismo Investigativo. Este que tem por missão desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público. Muito difundido por tornar notícias crimes e casos de corrupção. “Jornalismo investigativo num ambiente de escândalos” foi tema de debate no Intermídias – 2º Congresso e Feira Internacional de Comunicação, Informação e Marketing, em Goiânia-GO.

A referência do assunto no evento foi Valteno de Oliveira, repórter investigativo da TV Band nacional (Jornal da Band). Ele é um dos jornalistas que mais conhece os bastidores da política no Brasil. Esta que é uma das áreas mais espinhosas do jornalismo mundial. 

“Eu gosto do furo. Gosto de estar no meio do perigo. Adoraria ser repórter de guerra”, disse com entusiasmo e brilho nos olhos. Quando perguntei o que mais o atrai neste tipo de jornalismo. Ele pensou, pensou... Buscou palavras para explicar algo que nem sabe explicar direito. Para ele não é só a adrenalina. O que faz seguir firme em busca de mais descobertas é sua sina de desmascarar políticos. 

Alguém perguntou: Você tem medo? Valteno de Oliveira foi categórico respondendo que não. Só que completou com um conselho clássico: “tem os vários lados na notícia. Você tem que ter o cuidado de dizer que foi a polícia que disse e não você. Porque no fundo é essa questão que vai levar você ser processado ou não”. Como também ter outras consequências, claro!

No jornalismo investigativo as fontes são muito importantes. Não necessariamente precisa ser uma pessoa, mas também podem ser as informações públicas, os relatórios públicos, entre outros. Essas fontes podem também ser oficiais, regulares, ocasionais ou acidentais, documentação originais e secundárias, arquivos oficiais e privados. O repórter jamais pode desprezar qualquer tipo de fonte, principalmente no jornalismo investigativo. E não somente desprezar como também conservar essas fontes.

De acordo com Valteno de Oliveira é muito bom ter fonte que não seja oficial.  “Vou ser sempre um defensor da liberdade de expressão, da mídia. E, também da segurança das fontes”. Já sobre o dia a dia das redações em uma televisão disse que basicamente, 90% é transpiração e 10% inspiração. “Jornalismo não é arte e sim trabalho em grupo”, complementou. 

Aprendi lições com um colega de profissão que optou seguir um caminho cheio de perigos. Não que o meu não tenha. Ou o de qualquer outro jornalista. Só que se inserir nesse universo de corrupções, escutas telefônicas, Cachoeira, Demóstenes Torres... Ufa! Não deve ser nada fácil. Valteno, cidadão, amante do jornalismo. Hoje te admiro, mais que ontem. E, torço para que você realize seu sonho: ser correspondente de guerra. Sair de uma e ir para outra.


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