A banda mais quente do mundo


No bar da Tia, na Praça Universitária de Goiânia, o clima era de chuva e de entusiasmo na tarde do dia 24 de abril. Afinal, nem as gotas de São Pedro que insistiam em cair iriam impedir os integrantes da excursão de irem ao show do Kiss, na capital do Brasil. O relógio quase dava 15h e todos ali conversavam e bebericavam. Uns mais apegados ao primeiro verbo, outros ao segundo. Lendas vivas do rock goiano e marinheiros de primeira viagem como eu. Atenta ia me atendo aos detalhes: unhas pretas, jaquetas, tatuagens, cabelos vermelhos delas e deles um comprido esvoaçante. Detalhes unidos feito irmandade, que selam acordo e juntos seguem advogando suas crenças.

- Que bom que você vai ao show

-Como não ir. Diz um clássico sorridente

A cada novo papo, eles iam revelando desejos antigos de estarem frente a frente a essa tão consagrada banda. Feito crianças “arrumadinhas” em dia de festa, já a postos esperando o ônibus seguir viagem. A trilha sonora, além de harmonizar o ambiente era como um ensaio prévio. Uns cantarolavam, outros cochilavam. Conversas soltas. Compartilhamento de ideias e grandes surpresas.

- Como assim, vocês são evangélicos? – Pergunta direcionada ao casal

- Sim. (risos) Hoje sou um evangélico bem mais tranquilo. Quando me converti queimei todos os meus discos e camisas das minhas bandas preferidas.

O esposo disse que não se arrepende da atitude. Até mesmo porque há tempo para tudo, até para rever as próprias atitudes. “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago – Cap. 1, Versículo 17). Com esse fragmento bíblico me explica o porquê da adoração que tem pelo Kiss. Por isso, desacredita que os integrantes da banda tenham qualquer tipo de pacto com o demônio.

É chegada a hora

A banda formada em Nova York, no ano de 1973 estava ali diante dos nossos olhos. Ela e suas maquiagens, roupas extravagantes, bateria nas alturas, fogo pirotécnico, sangue sendo cuspido, explosões... Foi mesmo de aquecer o coração.

Ao redor as pessoas circulavam agitadas, outras pulavam e simbolizavam rock com as mãos. Multidão de raças, gêneros e a mesma alegria estampada em cada olhar. Tinham vários pequeninos que assistiam ao show no andar de cima, via os ombros dos pais.

Como eu imaginava muitos fãs estavam maquiados. Uns a La Peter, com a imagem estampada no rosto de homem-gato outros como Paul com uma estrela no olho direito. Juntos aos sem maquiagens ecoavam:

-I wanna rock & rol all night and party every Day.

Volto dessa aventura feliz por ter conhecido a banda mais quente do mundo.


Comentários

  1. Que calor hein, Amanda! Que bom que aqueceu o coração, a mente, os dedos e o blog também.

    Interessante a observação sobre a religiosidade presente. Tava pensando nisso outro dia em shows de rap. Em alguns casos, se pegasse o discurso entre músicas e colocasse dentro de uma igreja ninguém estranharia. E uso potente de simbologia então (ainda mais no caso do KISS) nem se fala.

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  2. Obrigada pela leitura e considerações, João Damásio. ;)

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